Estou ausente do meu próprio espírito
Sou apenas carne e sangue
Perdôo todas as iniqüidades
Revolta-me essa vontade de apagar a lâmpada
A minha cabeça duvida de tudo
Da maneira como desci ao escuro
Do muro que não consigo atravessar
Dos seres assombrados com os quais não há diálogo possível
Não por parte deles
Pois estes parecem compreender mais do que eu
São lúcidos, filhos da própria altivez
Andam por aí como vultos desassossegados
Mas possuem coerência
Aqueles que aqui me abandonaram
Não conhecem deste verbo nem a raiz
O que diria os frutos
Pesadelo de um organismo deixado a esmo
Luto para não deixar de ser eu mesmo
Alimento-me da podridão
Agonizante no meu casulo
Ainda depois de largar o muro
Todos me vêem como um estorvo
Pelo que já passei um diagnóstico se impõe
Loucos são vocês
Que por dinheiro são capazes de ceifar existências
Calar vozes surdas com veredictos mudos
Pilhar por covardia enquanto descansam os aldeões
De tratar-me bem ou muito mal
De acordo com a conveniência ocasional
Os loucos estão no lado de fora do manicômio
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