sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O que é evoluir?

Criança...
Aqueles dias eram, de alguma forma, felizes,
Você olhava as paredes e o teto e podia ouvi-las... as vozes...
Mas, eram amigáveis: perguntavam, como foi dia na escola,
Por que estava chorando, que teu irmão fez, quem te magoou...
A tua solidão era preenchida por elas, estas vozes que foram amigas um dia.
Ficava cansada por vezes de limpar, arrumar, ajudar em casa...
E depois de tudo isso fazer as coisas da escola, pois tinha uma obrigação...
Obrigação, que nem precisava ser exposta, ser explícita,
Mas era a de ser boa, a melhor...
Perdeu algumas oportunidades de fazer amigos, de sair para brincar,
De ser como os outros e deixar as vozes de lado.
Mas, um dia se encheu e resolveu ser realmente diferente, a estranha.
E as vozes começaram a dizer: ninguém se importa se é igual, ou diferente, normal ou diferente...
Mas, de vez em quando, fugia,
Gostava quando conseguia conversar com as flores,
E ouvir a resposta (coisa de louco)...
De deitar no quintal e contar as estrelas, ver algumas estrelas cadentes...
Tentar ver alguma coisa fora do comum...
Tentava ver onde “Deus” morava e se em cada estrela estava um anjo...
Mas, um dia veio a voz, que dominou muitos anos, e disse que tudo era bobagem....
E as responsabilidades aumentaram.
Crescer...
Aqueles dias eram, alguns felizes e outros de um tristeza que se podia tocar,
As paredes e tetos pareciam querer te sufocar.
E passar por cima dos próprios sentimentos, se tornou um hábito,
Esquecer de si mesma... outras coisas eram mais importantes.
Imaginar as coisas ficam para outra hora, que nunca chegava.
A voz diz: “acabou o tempo... deixa de ser criança...”
Você se acha inadequada, mas precisa se adequar...
Tudo depende disso... sua carreira, a faculdade, sua vida pessoal...
Adulto...
Tenta se manter em evolução, com alguns traços de criança mal resolvida...
A voz é mais forte e mais louca... mas, como com tudo, você aprende de alguma forma lidar.
E a vida vai indo... de uma forma ou de outra, sem botão de “reset”, “ pause”, “stop” ou “eraser”.



(Karina Pereira Florêncio)