quarta-feira, 10 de junho de 2009

Os loucos estão no lado de fora do manicômio


Estou ausente do meu próprio espírito

Sou apenas carne e sangue

Perdôo todas as iniqüidades

Revolta-me essa vontade de apagar a lâmpada

A minha cabeça duvida de tudo

Da maneira como desci ao escuro

Do muro que não consigo atravessar

Dos seres assombrados com os quais não há diálogo possível

Não por parte deles

Pois estes parecem compreender mais do que eu

São lúcidos, filhos da própria altivez

Andam por aí como vultos desassossegados

Mas possuem coerência

Aqueles que aqui me abandonaram

Não conhecem deste verbo nem a raiz

O que diria os frutos

Pesadelo de um organismo deixado a esmo

Luto para não deixar de ser eu mesmo

Alimento-me da podridão

Agonizante no meu casulo

Ainda depois de largar o muro

Todos me vêem como um estorvo

Pelo que já passei um diagnóstico se impõe

Loucos são vocês

Que por dinheiro são capazes de ceifar existências

Calar vozes surdas com veredictos mudos

Pilhar por covardia enquanto descansam os aldeões

De tratar-me bem ou muito mal

De acordo com a conveniência ocasional

Os loucos estão no lado de fora do manicômio